sexta-feira, 30 de novembro de 2018

NOITE ALTA


Noite alta.
O frio como erva daninha, se infiltra na pele.
Encostado,
no poste em frente ao prédio dela, espera que a janela se acenda no segundo andar.
Suspira a cada lembrança do passado distanciado: o sábado de chuva apertados no mesmo guarda-chuva, o riso ... a poça d’água compartilhada, o cinema ... o filme esquecido nos beijos apaixonados.
O Boteco no Bixiga abandonado furtivamente: a atração se senta à mesa, toma a direção, os captura: a cama partilhada naquele mesmo segundo andar.
O silêncio do depois acariciado, a paz então experimentada, perdida na despedida incompreendida, intangível, negra, incomoda.
Retirado de seus braços, a falta companheira apunhala sem dó a alma escravizada na paixão fingidora.
O silencio aterrorizante, a dúvida a incerteza: espreita o dragão do desespero.

O fim de semana, semanas... ...   Sem uma palavra.


Nada.

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