domingo, 2 de dezembro de 2018

TERAPIA HOLÍSTICA


um mrgulho em si mesmo


E a ética? Aquela coisa de regras pré-estabelecidas por um grupo e que todo mundo abraça:já não faz mais sentido na pós modernidade .
Um acordo? Um contrato moral?
A ética   está implícita em cada tipo de relação e é sempre subjetiva. É lidar com as consequências produzidas pelas nossas ações diante do “junto com o outro”.

Seis da tarde...Será que encontro estacionamento? Que transito é esse? Parece que todo mundo resolveu sair na mesma hora? Hoje é domingo!!! Antigamente transito e domingo nunca se encontravam. 
Vou me atrasar...
Dito e feito, meia hora de atraso, estacionamento há um quilometro...
A calçada não ajuda, a subida também. 
O suor escorre e a maquiagem despenca. 
Primeiro encontro....Ele foi embora com certeza. Aguentar estes saltos, chegar lá e o cara se mandou? 
Nem pensar.
Enfim a porta de vidro da livraria, uma livraria frequentada pela elite paulistana, com jovens sentados no tapete folheando livros, ar condicionado potente, conforto total e um Café elegante ao fundo, apinhado de gente. 
Vai ser difícil encontrá-lo nessa confusão. Será que é ele na mesa sozinho? É ele sim, já me viu e acenou...Simpático, aquele jeito de guru indiano. Cabelo comprido amarrado atrás da cabeça.
Olhar de serenidade de quem parece estar acima das frivolidades do mundo contemporâneo.  
A conversa flui: Terapeuta Holístico (que coisa será essa?). Várias viagens à  Índia, experimentos com diversos Gurus... Sabe aquele Guru dos Beatles? Íntimo do sujeito... Café...Conversa...E a descrição pormenorizada da namorada idealizada que positivamente não se encaixa no meu perfil. 
Balde d’ água gelada na cabeça e a química que começava se manifestar desaparece.
Conversa encerrada. Peço a conta. Ele gruda o olho no celular. Não acredito que vou ter que pagar o café! 
Te levo até o estacionamento... 
Marquei uma consulta. Vamos fazer Terapia Holística. 
Pura curiosidade!!!
Quarta feira, três da tarde. O consultório não poderia ser mais longe, mas    que importância tem a distância quando a proposta é a busca do verdadeiro EU? 
E lá vamos nós descobrir as chaves da vida boa de ser vivida...
Volto na semana seguinte, na outra...e na outra... 
A escancarada exposição da intimidade: as angústias, as indecisões, os amores.  
A relação paciente terapeuta cria um vínculo, uma proximidade. Normal acontecer uma admiração, pois é ele ouvinte atento que indica caminhos, um conforto, um aconchego. 
Melhor manter um certo distanciamento.
Tarde fria cinzenta, serve um chá, falávamos sobre um namoro terminado. Um virar de página, abertura pra uma nova relação.
O consultório pequeno. Um sofá de dois lugares onde sento, em frente a cadeira, o terapeuta com um caderno de anotações. Depois de divagações sobre um namorado ideal, de como aquele realmente não valia a pena, e que com certeza sempre haverá alguém melhor a se revelar a consulta termina.
Levantou-se da cadeira sentou-se a meu lado (muito estranho aquilo) a aproximação...
O olho no olho e o inconfessável surge como um vulcão em erupção...um beijo, outro, beijo...caricias...
Cabeça rodando. Levanto-me e num quase sussurro: 
- Isso e falta de ética!!
Sinto um enlaçar na cintura e o corpo dele junto ao meu. Esmoreço. Um outro beijo agora mais intenso e apaixonado. 
E incrédula. 
A ética se esconde embaixo do tapete

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