quarta-feira, 28 de agosto de 2019

VELHO AMOR



Nunca envelhecerás na minha lembrança! ”
Saúl Dias, in "Sangue"..

Tarde fria, o livro abandonado. 
O solitário vento, o quarto frio.  
O armário, a manta de lã, a desastrada mão, a velha caixa de lembranças guardadas, espalhadas pelo chão.
Desperta a velha entorpecida memória. 
A canção que o tempo esqueceu.
Na fotografia me vejo a teu lado, um amor acariciado descuidado na saudade, presente em cada canto compartilhado da cidade que deixamos de encontrar.  
Do desencontro, um conto de amor sem ponto final, vestígios de dor jogado aos meus pés, velhas lembranças, velhos papéis.
Um ardente verão, um insano novembro, apaixonados dias distantes.
O tempo afastado no irrealizado, destinos quebrados, desviados na solidão, a voz muda, no que era para ser, tendo tanto a dizer.
Será que te esqueço de fato? 
Envelhece a dor, envelhecem os fatos e o tolo velho amor não percebeu o tempo que correu.
Lembrar a dor, desvairada maldade.  
Escorre pelos olhos a saudade.
Amores navegam por lugares jamais visitados,
O vento muda ...   No que era certo aporta a dúvida.
Destinos? Quebra-cabeças que juntamos ao longo dos danos. 
Ancoramos nossos planos no descaso.
Vivemos em meio ao improviso. 
O amor vive no acaso

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